MADRI - Uma pesquisa elaborada pelo Banco Mundial mostrou que a cada ano são praticados 1,5 milhão de abortos seletivos de meninas, enquanto outro meio milhão de mulheres menores de cinco anos morrem vítimas de discriminação em suas próprias casas, onde recebem tratamento diferente dos irmãos homens.
O feticídio feminino acontece sobretudo na China, Índia e Coreia do Sul, países em que há mais de uma década foi proibido o uso de ultra-som para detectar o sexo do feto. Apesar disso, aumentou em mais de 1 milhão o feticídio feminino na China em 2008. Na Índia, houve um decréscimo, mas o relatório ressalta que os assassinatos seletivos, antes restritos ao norte do país, agora são realizados também no centro e no sul.
O dado mais alarmante, porém, corresponde à região da Europa e Ásia Central - mais especificamente os Bálcãs ocidentais e as repúblicas caucasianas -, não por seu número, que continua sendo baixo, mas porque a cifra duplicou, passando de 7 mil em 1990 a 14 mil em 2008.
Especialistas atribuem a barbárie à "combinação da forte preferência por filhos homens com a diminuição da natalidade e à expansão das tecnologias que permitem aos pais conhecerem o sexo de seus filhos antes de seu nascimento".
No total, o estudo considera que a cada ano se perdem cerca de quatro milhões de mulheres, porque também há um número alto delas - quase 1,5 milhão - que morrem durante a idade reprodutiva, entre 15 e 49 anos. Primeiro, porque ainda há uma alta mortalidade materna na África subsaariana e em algumas partes da Ásia. No Afeganistão, Chade, Guiné-Bissau, Libéria, Malí, Níger, Serra Leoa e Somália, ao menos 25 mulheres morrem por complicações na gravidez ou no parto, e um número ainda maior sofre de diversas doenças em consequência dos partos.
O levantamento, por outro lado, também revela importantes avanços alcançados na igualdade de gênero no último meio século, o que em escala global permitiu à mulher ser mais longeva que o homem em todas as regiões do planeta. Em 2007, a esperança média de vida da mulher era de 71 anos frente aos 67 anos do homem. Em alguns países a esperança de vida feminina chegou a aumentar em 25 anos, em parte devido à redução da natalidade.
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