LONDRES - O número de casos e de mortes por câncer de mama e do colo do útero está crescendo na maior parte do mundo, especialmente nos países mais pobres, onde muitas mulheres morrem ainda muito novas por causa dessas doenças, revelou um estudo global publicado na última edição da revista "Lancet".
Pesquisadores do Instituto para Avaliação e Medição da Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram que os casos de câncer duplicaram em todo o mundo em apenas 30 anos, passando de 641 mil em 1980 para 1,6 milhão em 2010. Esse ritmo excede de longe o crescimento da população mundial.
Durante o mesmo período, as mortes por câncer de mama aumentaram de 250 mil para 425 mil por ano, um crescimento muito mais lento, o que sugere que o diagnóstico por imagem e os programas de tratamento que hoje são comuns em países mais ricos estão tendo um impacto positivo.
O número de casos de câncer do colo do útero aumentou de 378 mil em 1980 para 454 mil em 2010, e as mortes por esta doença cresceram quase no mesmo ritmo, revelou a pesquisa.
- As mulheres nos países com renda elevada, como Estados Unidos e Reino Unido, estão se beneficiando dos diagnósticos antecipados, dos tratamentos e das vacinas - disse Rafael Lozano, professor de saúde mundial do IHME e que trabalhou no estudo. - Estamos vendo que a carga do câncer de mama e de colo do útero está mudando nos países mais pobres, na África e na Ásia.
Lozano destacou que esta é uma das primeira amostras da emergente ameaça das doenças crônicas, ou não transmissíveis, nos países em desenvolvimento:
- Todo mundo tem falado desta ameaça. Agora a tendência é clara.
O estudo revelou que, desde 1980, aumentaram os casos novos e as mortes por câncer de colo do útero, principalmente no sul e no leste da Ásia, na América Latina e na África, mas caíram de forma substancial nos países mais ricos, particularmente nos que possuem exames por diagnóstico por imagem.
No entanto, a doença causou a morte de 200 mil mulheres em todo o mundo em 2010, das quais 46 mil viviam em países em desenvolvimento e estavam em idade reprodutiva.
Nos dias 19 e 20 de setembro, a Organização das Nações Unidas vai realizar em Nova York uma reunião dedicada às doenças crônicas, como o câncer, as cardíacas e pulmonares e o diabetes.
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