terça-feira, 30 de agosto de 2011

Série vestibulares

Crise dos alimentos

Entenda os desafios para alimentar a população mundial

José Renato Salatiel*
Qualquer dona-de-casa sabe que os alimentos estão mais caros. Mas o que os gastos do brasileiro no supermercado têm a ver com protestos no Oriente Médio, a indústria de biocombustível nos Estados Unidos e o aquecimento global?

Direto ao ponto: Ficha-resumo


Todos estes fatores estão ligados à crise dos alimentos, um fenômeno mundial que foi parar no topo da lista de preocupações dos países desenvolvidos. O motivo é que, neste começo de 2011, o preço dos gêneros alimentícios atingiu o pico pela segunda vez em menos de quatro anos.


Na outra vez, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria. Houve protestos em países da África e da Ásia. As causas foram praticamente as mesmas da crise atual: aumento do número de consumidores, alta do barril de petróleo, queda do dólar (os alimentos são cotados no mercado internacional em dólar) e mudanças climáticas.


Na verdade, a crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na relação econômica entre oferta e procura. Há uma diminuição na oferta de produtos e uma maior procura, o que encarece a mercadoria. Imagine que uma safra de tomates seja perdida devido a enchentes. E que a demanda pelo produto tenha crescido. Com menos tomates no mercado e mais gente querendo comprar, os comerciantes irão cobrar mais caro pelos estoques.


Mas quais são as causas desse desequilíbrio na economia mundial dos alimentos?

Carros x pessoas

Do lado da demanda, há um constante aumento do consumo de alimentos. Isso ocorre por dois fatores principais.

Primeiro, o crescimento da população mundial, que hoje é de 6,9 bilhões. Apesar do número de habitantes do planeta ter registrado uma queda de 1,2% no ano passado, ele quase dobrou desde os anos 1970. E, para as próximas quatro décadas, estima-se 80 milhões de bocas a mais para alimentar a cada ano.


Em segundo lugar, aumentou também o consumo de alimentos – grãos, carnes, leite e ovos – em países em desenvolvimento, como a
Índia e o Brasil. Na China, por exemplo, o consumo de carne é quase o dobro dos Estados Unidos. E, para produzir carne, são necessários grãos (oito quilos de grãos para cada quilo de carne bovina).

Além disso, a elevação do preço do barril de petróleo estimulou os investimentos em biocombustíveis. Nos Estados Unidos, da colheita de 416 milhões de toneladas grãos em 2009, 119 milhões de toneladas foram destinados a destilarias de etanol, para produzir combustível para carros. A quantia seria o suficiente para alimentar 350 milhões de pessoas durante um ano. No Brasil, o etanol é produzido com cana-de-açúcar.


Com isso, aumentaram os preços do milho e da ração e, consequentemente, dos produtos bovinos e suínos, uma vez que os animais também comem ração a base de milho. E o efeito dominó atinge outros alimentos, como a soja, já que os agricultores plantam milho no lugar da soja, para atender as indústrias.


A demanda por combustível alternativo, a base de milho ou vegetais, vem ainda reduzindo ano após ano as terras destinadas à plantação de alimentos na Europa, além de incentivar a devastação de florestas tropicais na Ásia.

Oriente Médio

No lado da oferta, há duas razões principais para a crise: os limites dos recursos naturais e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global.

Estima-se que até um terço da área cultivável da Terra esteja sendo perdida pela erosão do solo, que não consegue se recuperar naturalmente a tempo da próxima colheita. Por isso, países como o
Haiti e Coreia do Norte, com problemas sérios de erosão de solo cultivável, dependem de ajuda externa para alimentar a população.

Por outro lado, há o esgotamento dos recursos hídricos do planeta. A situação é crítica no Oriente Médio, cuja escassez de fontes de água deve levar, nos próximos anos, à dependência da importação de grãos em países como a
Arábia Saudita. A água mais escassa e mais cara vai aumentar os custos da produção de alimentos.

Por último, as mudanças no clima no planeta acarretaram ondas de calor, seca e inundações que prejudicaram a colheita em países como
Rússia, Ucrânia, Austrália e Paquistão em 2010. Agora, a seca ameaça destruir a safra de trigo da China, a maior do mundo.

Nove bilhões

As consequências do aumento do preço dos alimentos já são sentidas em todo o mundo. Segundo o Banco Mundial, no segundo semestre do ano passado 44 milhões de pessoas caíram abaixo do limite da pobreza (pessoas que vivem com US$ 1,25 dólar por dia).

A crise afeta principalmente países pobres e dependentes da exportação de alimentos. Mas também está por trás da maior onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio, que derrubou ditadores da Tunísia e Egito e que agora, ameaça o regime na Líbia.


O fim da comida barata vai coincidir com a explosão populacional. Entre 2011 e 2012, a população mundial deve atingir 7 bilhões. Para 2050, serão 9 bilhões de pessoas na Terra.


Por conta disso, as potências incluíram a alta dos alimentos na lista de suas preocupações, junto com as finanças mundiais. O assunto foi parar no topo da agenda do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias mais a
União Europeia). Os líderes discutem medidas como pacotes de estímulo à agricultura.

O desafio de alimentar a população nas próximas quatro décadas vai exigir política, tecnologia e, sobretudo, mudanças de hábitos das sociedades modernas.

AFTAS

AFTAS
Sinônimos:
Estomatite aftóide recorrente
O que é?
É a enfermidade da mucosa bucal mais comum, caracterizando-se por úlceras (feridas) branco-amareladas de contorno avermelhado, múltiplas ou solitárias.
Como se desenvolve ou se adquire?
As causas ainda são desconhecidas, embora haja evidências de auto-imunidade. Pode estar associada a alterações genitais (ciclo menstrual) e de outros órgãos. Em muitos casos, ocorre a nítida associação com o estresse emocional ou ingestão de alimentos.
É, raramente, observada em fumantes, que, pela ação irritativa do fumo e da temperatura do cigarro, têm uma mucosa mais espessa e resistente.
O que se sente?
Manifesta-se por lesões que variam em número e intensidade, mas costumam ser percebidas pela ardência e área avermelhada. Podem atingir toda a mucosa oral, sendo mais freqüente na borda da língua e sulcos gengivo-labiais. As lesões da afta minor, pequenas e superficiais, desaparecem, em média, em dez dias e não deixam cicatrizes. Já a major pode demorar até um mês para regredir e deixa cicatrizes. Podem ocorrer agrupamentos de lesões, o que denomina a afta herpetiforme.
Como o médico faz o diagnóstico?
A partir da identificação da úlcera, recoberta por uma membrana branco-amarelada e circundada por um halo vermelho.
Como se trata?
O tratamento depende da intensidade do quadro. As medicações de uso sistêmico, como os imunossupressores, são mais efetivas na redução dos sintomas. Por possuírem efeitos colaterais indesejáveis são reservadas para os casos mais severos da doença. Os quadros clínicos mais leves podem ser tratados com aplicação tópica de anti-sépticos, antiinflamatórios, anestésicos ou protetores de mucosa, naturais ou sintéticos.
Como se previne?
Pessoas com propensão para aftas devem evitar consumir frutas e condimentos ácidos. O combate ao estresse também é um forte aliado.
0 comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário