quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Morador de rua ensina respeito ao livro


Um dos meus prazeres jornalísticos é colecionar histórias de personagens invisíveis. O que ocorreu nesta semana torna o ex-morador de Robson Mendonça um dos meus melhores personagens. Daria um grande roteiro de filme ou um livro, cujo final seria a cena que acaba de ocorrer: ele recebendo de volta sua invenção roubada, a bicicloteca (coloquei imagens no Catraca Livre).
Não conheço registro, em nenhum lugar, de uma cidade que tenha se mobilizado tanto para recuperar uma bicicleta roubada.
Robson era morador de rua, apaixonou-se pelos livros. Passou a distribuí-los, neste ano, numa bicicleta adaptada para carregar uma biblioteca. Circulava pelo centro, distribuindo livros entre moradores de rua. Só isso já daria um belo filme.
Ocorre que roubaram a bicicloteca e, com ela, foi-se o entusiasmo de Robson. Mas houve uma mobilização pela rede, numa espécie de caça ao tesouro. Na terça-feira, enfim, foi achada, revelando uma cidade solidária que, em meio à selvageria, quase ninguém vê.
Robson Mendonça ter virado celebridade, distribuindo livros, é o sinal de que a cidade tem mais futuro do que se imagina.
Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.

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