quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Brincadeiras e superação: palavras recorrentes na vida de Wallyson

Atacante, que sofreu com a morte do pai em 2010 e a lesão no tornozelo esquerdo, revela que leva a vida com bom humor e apoio da família

Por Ana Paula MoreiraBelo Horizonte
 A vida do atacante Wallyson do Cruzeiro é cheia de momentos marcantes, dentro e fora dos gramados. O jogador passou por algumas dificuldades nos últimos anos, como a morte do pai, em 2010, e a lesão que o tirou dos gramados por todo o segundo semestre do ano passado. Recuperado, Wallyson só pensa em jogar futebol e marcar muitos gols, como fazia, antes de se machucar. Mas garantiu, vai queimar a chuteira que usava no dia.
- Eu vou queimar. Ela está lá em casa, em Natal, mas não vou ficar com ela não. Meu irmão até pediu para ficar com ela, mas eu não a quero perto de mim, nem da minha família. É uma coisa que me fez mal.
Segundo Wallyson, esses dois momentos foram os mais difíceis de sua vida. O atacante falou com carinho da relação que tinha com o pai. Ele lembrou com emoção da morte do pai, que faleceu, em decorrência de um câncer, em 2010.
- A coisa mais importante da minha vida é meu pai e a minha família. Ele queria fazer de tudo para não me ver sofrer. E eu queria estar perto e ajudá-lo. Mas, hoje sei que ele está em lugar melhor. Eu só tenho a agradecer por tudo o que ele fez na minha vida. Tenho certeza que ele está lá em cima, olhando por mim e pela minha família. Foi um momento muito ruim na minha vida, mas tive força para superar essa pancada.
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Wallyson, atacante do Cruzeiro (Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)História de Wallyson, atacante do Cruzeiro, é de superação (Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)
Após superar esse drama pessoal, Wallyson conquistou lugar no Cruzeiro e foi o artilheiro da Libertadores de 2012. Mas a vida pregou outra peça para o atacante. Wallyson fraturou o tornozelo esquerdo contra o Internacional, ainda pela 15ª rodada do Brasileirão. Ele passou por uma cirurgia para colocar pinos e parafusos no local e ficou quatro meses sem atuar.
- Foi uma dor tão forte que deu até vontade de desmaiar. Eu senti que tinha sido alguma coisa muito séria. O mundo caiu para mim ali. Eu estava em um momento muito bom no Cruzeiro, um ano muito gostoso com meus companheiros. Então, botei na minha cabeça que eu tinha que voltar logo para ajudar meus companheiros.
Wallyson, atacante do Cruzeiro, mostra cicatriz da cirurgia (Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)Wallyson mostra cicatriz da cirurgia no tornozelo esquerdo (Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)
Apesar de todos os percalços, Wallyson tem levado a vida com muito bom humor e brincadeira. O atacante gosta de colocar apelidos nos colegas e brinca com todo mundo. O garoto, nascido e criado em Natal, admitiu que aprontou muito na infância e na adolescência. Ele lembrou histórias engraçadas de quando era criança, como fugidas para jogar futebol.
- Quando ia para o colégio, a professora falava que, se chegasse sujo, suado, não poderia entrar em sala. Eu não gostava de assistir aula e chamava os amigos para jogar bola. Chegava sempre sujo. Ela falava: ‘você não quer estudar, só quer saber de jogar bola’. E era isso mesmo. Quando eu tinha 13 anos, meu pai falou que ia me apoiar e me ajudar a ser jogador.
Wallyson também não se esquece de quando juntava os amigos para ‘roubar’ água de coco de um vizinho.
- Na hora do almoço, não tinha ninguém, e queríamos tomar água de coco. Os coqueiros eram muito baixos e, para ninguém desconfiar, furávamos o coco, tirávamos a tampinha, tomávamos a água, colocávamos de novo e íamos embora. O dono pegou uma vez e nos colocou para correr. Brincávamos muito.
E as brincadeiras em Natal não ficaram apenas no passado de Wallyson. Ele contou que, ainda hoje, quando está de férias, reencontra os amigos e a família. A mãe do atacante até reclama que ele não para em casa. Wallyson explicou o que faz nas férias em Natal.
- Quando chego à minha cidade, sou a mesma pessoa de sempre. Gosto de ir com meus amigos pegar caranguejo, caçar preá, vou pescar. É o que eu gosto de fazer, não tenho vergonha de falar isso não.
Wallyson, atacante do Cruzeiro  (Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)Wallyson se diz confiante para vo
(Foto: Ana Paula Moreira / Globoesporte.com)
Volta aos gramados
O jogador retornou aos gramados neste Campeonato Mineiro e até já marcou gol.Wallyson fez, de pênalti, o quarto gol da vitória do Cruzeiro sobre o Nacional-MG, por 4 a 2. Ele contou que teve a ajuda de Rudnei para negociar com Wellington Paulista, artilheiro celeste no Estadual, o direito de cobrar a penalidade.
- Eu pedi para bater o pênalti e fazer o gol, para ganhar mais confiança, mas ele falou que queria ser artilheiro. Não discuti, porque ele é o batedor oficial do Cruzeiro. Mas o Rudnei veio perguntar porque eu não ia bater, e eu falei. Ele foi conversar com o Paulista, que me deixou cobrar. Disse que eu merecia esse gol.
Wallyson tem retornado aos poucos aos jogos, mas garantiu que não tem medo de dividir bolas durante as partidas. O atacante afirmou que só precisa de mais ritmo de jogo.
- Não estou cauteloso. Quero ter mais ritmo de jogo. Perdi um pouco da noção do espaço do campo. Então, quero ter contato 24 horas com a bola, que é meu instrumento de trabalho. O Mancini vai me colocar aos poucos nos jogos para ganhar ritmo. A lesão ainda dói, mas é muito pouco. Eu estou muito feliz com minha volta, muito confiante.

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